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Modos de receber o seu plantão médico

23/03/2025
8 min de leitura

Quais são os modos de receber pelo meu plantão médico?

Para médicos recém-formados que iniciam sua jornada profissional com plantões, entender as diferentes formas de recebimento é fundamental para tomar decisões financeiras e jurídicas adequadas. Existem diversos modelos de remuneração no mercado, cada um com suas características, vantagens e riscos potenciais. Vamos analisar cada uma dessas modalidades detalhadamente.

1. Pessoa Jurídica (PJ) - A opção mais recomendada

Receber como Pessoa Jurídica significa que você, médico, constitui uma empresa e presta serviços através dela, emitindo notas fiscais para os plantões realizados.

Como funciona na prática:
  • Você abre uma empresa médica (geralmente no Simples Nacional)
  • Firma contrato de prestação de serviços com o hospital/clínica
  • Realiza os plantões conforme escala acordada
  • Emite nota fiscal mensalmente pelos serviços prestados
  • Recebe o pagamento na conta da sua empresa
  • Paga os impostos devidos (a partir de 6% no Simples Nacional - Anexo III)
  • Transfere os valores para sua conta pessoal como pró-labore e distribuição de lucros
  • Vantagens:
  • Economia tributária significativa: Alíquota inicial de apenas 6% no Simples Nacional (Anexo III)
  • Segurança jurídica: É um modelo plenamente reconhecido e respaldado legalmente
  • Possibilidade de abatimento de despesas profissionais
  • Separação clara entre finanças pessoais e profissionais
  • Proteção patrimonial parcial
  • Desvantagens:
  • Necessidade de gestão da empresa (com auxílio contábil)
  • Custos iniciais de abertura e manutenção da empresa
  • Necessidade de emissão de notas fiscais
  • Nível de segurança jurídica e fiscal: ALTO

    2. Contrato CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)

    Embora menos comum para plantões médicos, o vínculo empregatício formal via CLT é uma possibilidade em alguns hospitais, especialmente os públicos ou de grande porte.

    Como funciona na prática:
  • Você é contratado como funcionário do hospital/clínica
  • Possui carteira de trabalho assinada
  • Recebe salário fixo mensal, com possíveis adiciais por plantões extras
  • Os impostos são retidos na fonte pelo empregador
  • Tem direito a todos os benefícios trabalhistas (férias, 13º, FGTS, etc.)
  • Vantagens:
  • Máxima segurança trabalhista e previdenciária
  • Benefícios garantidos por lei (férias, 13º salário, FGTS)
  • Estabilidade e previsibilidade financeira
  • Contribuição para aposentadoria já incluída
  • Desvantagens:
  • Carga tributária significativamente maior (até 27,5% de IR + INSS)
  • Geralmente, remuneração líquida menor comparada ao modelo PJ
  • Menor flexibilidade de horários e atuação
  • Limitações para trabalhar em outras instituições simultaneamente
  • Nível de segurança jurídica e fiscal: MÁXIMO

    3. RPA (Recibo de Pagamento Autônomo)

    O RPA é um modelo intermediário, onde você atua como profissional autônomo, sem vínculo empregatício formal, mas também sem constituir uma empresa.

    Como funciona na prática:
  • Você presta serviços diretamente como pessoa física
  • Emite um Recibo de Pagamento Autônomo para o contratante
  • O contratante retém na fonte os impostos devidos (IR e INSS)
  • Você recebe o valor líquido na sua conta pessoal
  • Vantagens:
  • Não requer abertura de empresa
  • Simplicidade administrativa (não precisa de contador)
  • Contribuição previdenciária automática
  • Desvantagens:
  • Alta carga tributária: até 27,5% de IR + 20% de INSS (total pode ultrapassar 40%)
  • Risco de caracterização de vínculo empregatício em caso de trabalho regular
  • Limitações para abatimento de despesas profissionais
  • Valor líquido recebido significativamente menor que no modelo PJ
  • Nível de segurança jurídica e fiscal: MÉDIO-ALTO

    4. SCP (Sociedade em Conta de Participação)

    A SCP é um modelo controverso onde você é apresentado como "sócio participante" de uma empresa que gerencia os serviços médicos, recebendo seus plantões como se fossem "distribuição de lucros".

    Como funciona na prática:
  • Uma empresa (sócio ostensivo) o cadastra como "sócio participante"
  • Você não abre uma empresa própria
  • Realiza os plantões normalmente
  • Recebe pagamentos como "lucros" ou "dividendos"
  • Não há emissão de nota fiscal por seus serviços
  • Teoricamente, não haveria incidência de impostos sobre esses "lucros"
  • Vantagens:
  • Aparente ausência de tributação (o grande "atrativo" apresentado)
  • Não requer abertura de empresa própria
  • Não exige emissão de notas fiscais
  • Desvantagens:
  • Alto risco fiscal: A Receita Federal entende que há descaracterização do modelo societário
  • Possibilidade de requalificação tributária: Cobrança retroativa de todos os impostos que deveriam ter sido pagos, com multas e juros
  • Risco de responsabilização solidária por outras dívidas da SCP
  • Ausência de contribuição previdenciária adequada
  • Não há verdadeira relação de sociedade, mas sim de trabalho disfarçado
  • Nível de segurança jurídica e fiscal: MUITO BAIXO

    5. Pagamento "por fora" (Caixa 2)

    Este modelo consiste em receber pagamentos sem qualquer registro formal, geralmente em dinheiro, sem emissão de nota fiscal ou qualquer documentação oficial.

    Como funciona na prática:
  • Você presta os serviços normalmente
  • Recebe os valores em dinheiro ou via transferência para conta pessoal
  • Não há emissão de documento fiscal
  • Não há recolhimento de impostos
  • Não há registro formal da transação
  • Vantagens:
  • Aparente ausência de custos tributários (o único "atrativo")
  • Desvantagens:
  • Ilegalidade fiscal explícita: Constitui sonegação fiscal, crime contra a ordem tributária (Lei 8.137/90)
  • Ausência completa de proteção jurídica em caso de não-pagamento
  • Impossibilidade de comprovar renda para obtenção de crédito, financiamentos ou vistos
  • Risco de fiscalização e autuação pela Receita Federal
  • Ausência de contribuição previdenciária
  • Possíveis penalidades criminais, além das fiscais
  • Nível de segurança jurídica e fiscal: NULO

    Comparativo prático: Quanto sobra no seu bolso em cada modelo?

    Para ilustrar melhor as diferenças entre os modelos, vamos considerar um plantão com valor bruto de R$ 1.500:

    PJ (Simples Nacional - Anexo III):

  • Valor do plantão: R$ 1.500
  • Impostos (6%): R$ 90
  • Custo mensal contabilidade: ~R$ 10 (considerando R$ 300/mês dividido por 30 plantões)
  • Valor líquido por plantão: R$ 1.400
  • CLT:

  • Valor do plantão: R$ 1.500
  • Descontos (INSS + IR, média de 25%): R$ 375
  • Valor líquido por plantão: R$ 1.125
  • Obs: Há benefícios adicionais como férias, 13º, FGTS
  • RPA:

  • Valor do plantão: R$ 1.500
  • Descontos (INSS + IR, média de 35%): R$ 525
  • Valor líquido por plantão: R$ 975
  • SCP ou Caixa 2:

  • Valor aparente por plantão: R$ 1.500
  • Descontos aparentes: R$ 0
  • Valor líquido aparente: R$ 1.500
  • Risco fiscal não quantificável: Em caso de autuação, pode resultar em pagamento de todos os impostos devidos acrescidos de multa (até 150%) e juros
  • Conclusão: Segurança e otimização como prioridades

    Para médicos recém-formados, o caminho mais recomendado segue esta ordem de preferência:

  • PJ (Pessoa Jurídica): Oferece o melhor equilíbrio entre economia tributária e segurança jurídica. Com o apoio de uma contabilidade especializada, é a solução ideal para a maioria dos médicos plantonistas.
  • CLT: Embora com maior carga tributária, oferece segurança e benefícios trabalhistas que podem ser atraentes em determinados contextos, especialmente para quem busca estabilidade.
  • RPA: Pode ser uma solução temporária enquanto se organiza a abertura da PJ, ou para trabalhos realmente eventuais e esporádicos.
  • SCP e Caixa 2: Não são recomendados em nenhuma circunstância devido aos riscos jurídicos, fiscais e profissionais envolvidos. A economia tributária aparente não compensa os riscos de autuações severas e possíveis consequências criminais.
  • A escolha do modelo de recebimento impacta não apenas sua situação tributária atual, mas também sua segurança jurídica, planejamento previdenciário e capacidade de comprovar renda no futuro. Investir em um modelo juridicamente seguro e fiscalmente otimizado desde o início da carreira é uma decisão que trará benefícios por toda sua vida profissional.


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